O mais recente trabalho dos irmãos Coen, Inside Llewyn Davis (2013), ficou bem interessante.
Contada de forma não linear e tendo como cenário o pulsante Village da Nova York do início dos anos 60, trata-se da história de Llewyn Davis – uma espécie de Sal Paradise do músico Dave Van Ronk, em busca do reconhecimento e da realização profissional através do folk; porém a falta de rumo e de dinheiro, alguns junkies, artistas concorrentes e até gatos (esses bichanos que ronronam), aparecem a todo momento na caminhada do herói.
Encontrei no filme uma celebração interessante e cheia de referências da cultura que emergiu daqueles bares de palcos abertos, que eram preenchidos por questionadores do estado de coisas que o período apresentava – bares que antes abrigaram os beatniks e sua verborragia, onde Allen Ginsberg, tal como na Six Gallery da San Francisco de 1955, fez a plenos pulmões a leitura do polêmico poema Howl, onde Kerouac de Ozone Park bebia e bebia e ouvia jazz e bebia; e onde então aconteceria um resgate da música tradicional daquela sociedade que começava a encarar alguns de seus fantasmas mais nefastos – o racismo e a segregação social escancarada, por exemplo. (há negros na narrativa?)
Bom divertimento!