Quando novo, ao abrir o especial da Fórmula 1 que a Revista Quatro Rodas fazia para temporada que iria começar, eu sempre torcia o nariz para Hungaroring. Eu nunca esperava nada de Hungaroring.
Sabia que na Hungria dificilmente haveria uma corrida com grandes movimentações e ultrapassagens, ainda não acompanhava o circo quando Piquet levou o Senna por fora no final da reta, na minha tv essa etapa era sempre um monótono desfile dos carros, em fila indiana.
Uso o sentimento que Hungaroring me despertava para tentar entender o que o Grande Prêmio da China de 2011 pode ter causado na cabeça de um adolescente. Concluo que nessa o Bernie acertou o tiro, pois, para a minha geração, e também para a que hoje começa a olhar corridas, é a disputa por posições em pista que cativa. O choque está no modo como elas acontecem.
Penso que a asa traseira móvel e o Kers criaram situações maquiadas, onde o piloto que se aproxima tem imensa vantagem sobre o que está na frente. Independente de quem tem o melhor conjunto, a tecnologia desequilibra a disputa em uma reta longa que finaliza numa freada forte; Nem falo dos pneus com pouca durabilidade, deles eu gosto.
Agora para um adolescente, que formará a nova leva de expectadores/consumidores, ver sendo repetido na vida real o que é feito em jogos eletrônicos deve ser cativante. Talvez para eles, sem essas modernices, as corridas da categoria fossem tão enfadonhas como Hungaroring era para mim.
Bernie trouxe a Fórmula 1 para o mundo dos gadgets. Ao repetirem-se corridas como a da China teremos a afirmação da fórmula, pobres puristas em meio a tanta interferência eletrônica e aerodinâmica.
Nico Rosberg já declarou que nunca se divertiu tanto, eu até que gostei de ser enganado na madrugada e uma nova legião de expectadores nascerá dessas disputas estranhas.
O maior problema é que a regra da asa móvel é punitiva para quem está na frente, ou seja, quem vem atrás é que tem vantagem sobre quem está à frente.
Nico Rosberg disse que nunca se divertiu tanto? Não é à toa que falam tanto dele… eu não gosto nada dessa história de carro de Fórmula 1 ficar levantando a rabeta!
Boa Julio! Falou tudo, quem vem atrás só não passa se estiver de Williams…