Fiquei extremamente feliz ao ver, no blog do meu amigo Rui Amaral, o vídeo que reproduzo abaixo.
O Rui e sua turma fantástica e ligeira nos fornecem onze minutos de história pura. Temos imagens ricamente gravadas, com vários momentos dos 500 km de Porto Alegre do ano de 1962. É muita sorte que esse material tenha se preservado e agora ganhe as telas, como também é que o responsável pelas cenas tenha acompanhado a prova percorrendo o trajeto, nos mostrando assim muito da dinâmica e do entorno do evento.
É o mítico circuito da zona sul Porto-Alegrense pulsando em vida, com carreteras cruzando os bairros Tristeza, Ipanema e Cavalhada numa época em que a urbanização engatinhava e as pessoas perambulavam pelas calçadas, das saídas de curvas, com a prova em curso.
Fico emocionado por ver essas pessoas, que estão distantes fisicamente da capital dos gaúchos, fazendo algo pela preservação da memória de uma cidade que cada vez mais se desconhece. Infelizmente uma fração mínima da população que cruza essas ruas atualmente clicará em alguns dos posts da barra lateral do meu blog para saber o que por ali acontecia, ou assistirá o vídeo abaixo identificando os locais, ou mesmo comprará bibliografias especializadas como o Automobilismo Gaúcho – Levantando Poeira, de Gilberto Menegaz.
Compete a poucos fanáticos lutar pela preservação do que o automobilismo brasileiro produziu. E também corrigir erros comuns das histórias passadas de forma oral, como exemplo a confusão recorrente entre cenários, fotos, personagens e historias das 500 milhas de Porto Alegre, que acontecia no Circuito da Pedra Redonda, e 12 horas de Porto Alegre, que ocorria no Circuito Cavalhada – Vila Nova.
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O vídeo mostra os preparativos para a largada, corrida em curso e a chegada. Era 23 de setembro de 1962. Esta prova foi vencida por Orlando Menegaz de Chevrolet, seguido de José Galina/Genuíno Scarton, de Ford, e João Galvani/Gastão Werlang de Chevrolet.
O circuito de 12,5 km era completado pelos carros mais velozes em tempos de até 5 min e 12 seg, o que dá uma média de 144 km/h. Catharino Andreatta, da Galgos Brancos, perdeu a vitória na penúltima volta, abandonando por problemas mecânicos.
Orlando Menegaz, piloto de Passo Fundo, vencia completando as 40 voltas em 3 horas e 40 minutos, numa velocidade média de 136km/h
Vamos ao vídeo, e compartilho também as minhas observações:
1min18seg: O lugar da largada era no começo da Avenida Otto Niemeyer, calçada em paralelepípedos, e nesta região ficavam os “boxes” onde os últimos ajustes eram feitos nos possantes.
1min35seg: O Fusca-Porsche que largou tem receita e visual muito semelhante ao carro que participou das Mil Milhas Brasileiras de 1956, este só não tirou a vitória da carretera de Catharino Andreatta por culpa do seu cabo do acelerador. Esse fusca foi preparado por Jorge Lettry e completou a prova de Interlagos na segunda colocação.
1min50seg: Largada no começo da Avenida Otto Niemeyer, próximo a atual Rótula da Cavalhada, com os carros partindo em direção a Praça da Tristeza.
2min: O câmera provavelmente recuou, depois da largada, para onde fica a rótula atualmente, dali ele pega os carros vindo embalados da Cavalhada e dobrando para a Otto. Uma curva de 90 graus onde vemos o trabalho pra domar as carreteras.
3min: Agora avançamos para a região da Praça da Tristeza. Os pilotos chegam novamente embalados da descida da Otto e tomam o rumo da perigosa descida da Pedra Redonda, para entrar então na Av. Coronel Marcos, em Ipanema.
3 min 50 seg: Estamos agora no final da Wenceslau Escobar, prestes a fazer a perigosa descida da Pedra Redonda.
4 min 27 seg: QUE IMAGEM! O começo da descida, com o Rio Guaiba e a praia de Ipanema ao fundo.
4 min 55 seg: Agora estamos na Coronel Marcos, cenário muito parecido com o atual. As grandes pedras em torno do asfalto ainda podem ser vistas.
4 min 56 seg: Para de caminhar na saída da curva, rapaz burro.
5 min 47 seg: Acredito que sejam meninos como estes, sentados na cerca com capacete e óculos de aviador/motoqueiro, que hoje preservam estes eventos
6 min 10seg: A famosa Rótula da Caixa da água.
7 min 35 seg: Agora estamos na Estrada da Cavalhada, retornando para a Otto Niemeyer
8 min 20 seg: Agora tudo acontece na Tristeza, era ali que a bandeirada da chegada da prova era mostrada. O público se aglomerava perigosamente nas calçadas, tomava a delegacia da Brigada Militar e vibrava com o movimento.
Obrigado Rui, obrigado Graziela Marques da Rocha e obrigado Jô e Nelson Marques da Rocha – ponho vocês junto com Orlando Menegaz após a bandeirada do III 500 km da Pedra Redonda.
Belo post Rafinha!
Contagiante a sua descrição.
O Rui é o cara!
Valeu
Show de bola uma volta no tempo.
Abraço
Sensacional!!!!!!!
Meu amigo Rafa!!!!!!!!
A sua descrição do vídeo me emocionou!
Obrigado..
Rui
Rafael, que vídeo emocionante. Parabéns ao Rui. Como morador do antigo de Ipanema, vou identificar um trecho do circuíto ainda não mencionado.
Aos 5:49 min., curva suave em frente do atual posto de gasolina ao lado da AABB, na sequência,5:52 câmera posicionado na entrada do morro do Sabiá, em seguida,5:57 reta do final da Cel. Marcos nas imediações do atual Ipanema Paddle, aparece um quiosque que havia na esquina da rua Porto Calvo, e finalmente aos 6:07 min início da av. Tramandaí, esquina do restaurante Bologna. Um aspecto cômico que me chamou a atenção, aos 8:11 min, na subida da Tristeza, aparece um sujeito com óculos de sombra falando no celular rss.
abç
Martim Kim
Todos os pontos do trecho que mencionei no comentário acima localizam-se na Av.Cel Marcos, nos bairros Pedra Redonda e Ipanema.
Martim Kim
[…] Cavalhada, Subida dos Eucaliptos, Curva da Igreja na Vila Nova… Os 500km de Porto Alegre, no Circuito da Pedra Redonda, com a mítica Curva da Otto! Até as inaugurações dos circuitos de Tarumã, Guaporé, Santa […]