Olha só esse brinquedo que deixo sobre a pequena tv do meu quarto. Hoje um simpático aposentado, robozinho íntegro que, embora cheio de marcas do tempo, figura como um singelo enfeite fazendo o lugar mais alegre.
Essa sua aparência frágil, bran-qui-nha, engana; nos tempos de batalha a intrépida engenhoca trabalhava duro. Segurando um mapa azul que indica um objetivo, lá ia ele procurando seu rumo pelos caminhos da casa, aos trancos e barrancos em um bate-e-volta angustiado que era seguido de perto por mim.
Havia horas em que as rodinhas fraquejavam e ele perdia a força. O chão que se pisa parece ser sempre o problema, não é? (Pelo menos para quem procura o seu caminho.) O carpete alto do quarto – daqueles que acumulam o pó que irrita o teu nariz – exigia demais das pilhas. Nele as tralhas que teimavam em serem vistas espalhadas pelo lugar também dificultavam a caminhada: a meia do futebol, o cadarço da chuteira, os carrinhos de metal, o jogo de pega-varetas, bolinhas de gude e gibis – não é fácil ser um brinquedo que procura seu rumo onde tudo é caótico e insalubre – mas ele ia, até onde a energia deixava.
Viu só? Pois então não desanima não, coração, que teu mapa azul também mostrará um rumo certo – mesmo que o pó irrite esse seu nariz de-vez-em-quando-sempre – e trate de fazer sempre o que acredita que devas fazer. Pinte o Sete, depois venha aqui assistir um pouco de tv.
*”carta” escrita em 10.08.12
Deixe um comentário