Outra lembrança: a chave seletora “tv – videogame” que ficava atrás da televisão. A caixinha, pendurada por duas conexões quebradiças, era uma espécie de portal de entrada para outra dimensão – ela separava os programas que a minha família assistia das minhas aventuras no Atari.
A chave corria em uma canaleta direto para a posição correta, fazendo com que a imagem do cartucho do videogame fosse projetada no canal da tv. Caso algum ajuste fino fosse ainda necessário, existiam no meu aparelho de 14 polegadas os controles do “vertical” e “horizontal”, pois algumas televisões cortavam partes das telas dos jogos – geralmente onde ficavam as contagens de tempo e a pontuação.
Certa vez entrei num dilema, e só esta caixinha mágica podia me ajudar. Acontece que ia passar um episódio imperdível da Super-Máquina (compreendam, todos eram), e eu havia finalmente ganho o cartucho do Hero – que tanto jogava quando ia na casa daquele vizinho que não emprestava suas coisas. Para sair dessa, minha mente bolou a seguinte estratégia: colocando a chave seletora no meio do caminho entre as posições “tv” e “videogame” eu certamente conseguiria dividir a minha tela e fazer as duas coisas ao mesmo tempo! Claro!
Triste ilusão. Devo ter perdido uns 10 minutos tentando. Ah, o fracasso. Desliguei tudo, coloquei videogame e cartuchos no rack, peguei minhas coisas e me mandei pra rua brincar. Naquele tempo a gente – pasmem – brincava na rua; porém, hoje vocês podem dividir a tela das televisões sem complicações. Estamos empatados?
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P.s.: Esse texto saiu depois que o @e001 publicou em seu twitter a sua primeira compra de 2014, um Atari. Verdade ou não, afinal troll não tem coração, o textinho surgiu.
Este texto um pouco me conforta, pois, me achava um doente por varrer o mercado livre a procura do carrinho “gigantões” da estrela. Definitivamente, para quem foi criança nos anos 80 várias são as boas recordações.
Continua escrevendo rafael, tens a veia.
Abraço.
Ricardo.